Basta um corte, ou uma pequena fissura, frieira ou acne. Caso pequenos ferimentos como estes entrem em contato com um ambiente contaminado, é muito grande a chance de se desenvolver erisipela. Na maioria das vezes se trata da bactéria Streptococcus pyogenes ou Haemophilus influenzae tipo B e invariavelmente a manifestação ocorre da seguinte forma: a bactéria migra pela circulação, disseminando-se nos vasos linfáticos, no tecido celular subcutâneo e na própria pele, causando uma infecção. Por este motivo, a erisipela – cujo nome vem de um termo grego para “pele vermelha” – é chamada também de linfangite.
O quadro infeccioso gera uma celulite aguda (vale destacar que o uso correto deste termo está relacionado a esta doença, e não ao que ficou popularmente conhecido na área da estética como celulite que, por sua vez, vem a ser uma depressão cutânea ligada à gordura e cujo nome correto seria lipodistrofia). Dessa forma, os primeiros sinais na região com erisipela são o enrijecimento, dor, rubor, calor e inchaço da pele.
Este sintoma, no entanto, não é o alerta inicial da presença da bactéria. Logo quando se adentra na corrente sanguínea, os primeiros sintomas que se apresentam são náuseas, vômitos, nódulos satélites (linfadenites) e febre (incluindo febre alta), motivos pelos quais os pacientes nem sempre conseguem identificar precocemente o real diagnóstico.
Por ser uma doença cujas portas de entrada mais comuns são os pés, a presença da erisipela está muito associada às pernas, mas qualquer parte do corpo está sujeita a ser acometida pela infecção. Cortes em dedos das mãos, por exemplo, podem ser uma maneira de a bactéria entrar – por isso se fazem necessários cuidados com instrumentos de manicure, por exemplo. No rosto, pode acontecer através dos ferimentos provocados pela acne. De qualquer maneira, dentre todas as regiões, costuma ser mais grave nos membros inferiores, já que eles sofrem o efeito da gravidade, o que dificulta o retorno do sangue e da linfa (vasos linfáticos) desta região, acentuando o inchaço e dor na região afetada.
No estágio inicial, o tratamento se dá de maneira doméstica, ou seja, por meio de antibióticos e repouso absoluto. Visto que em 25% dos casos a erisipela costuma voltar àqueles que já a contraíram pela primeira vez (devido ao comprometimento dos vasos linfáticos), é muito importante prevenir-se evitando portas de entrada e buscando tratamento urgente. Entre as principais prevenções estão: enxugar bem os pés para evitar a proliferação de fungos; tratar doenças dermatológicas como micoses e frieiras; utilizar instrumentos de manicure e pedicure devidamente esterilizados; não expor os pés a ambientes com riscos de contaminação; entre outras situações que favoreçam a entrada da bactéria. Para as erisipelas de repetição, alguns casos exigem o tratamento contínuo, com controle específico e acompanhamento médico mensal.
Infelizmente, mesmo após a cura, uma vez afetados pela doença, os vasos linfáticos ficam permanentemente comprometidos e, consequentemente, a funcionalidade da circulação local também. Por este motivo, é importante identificar a erisipela e tratá-la o quanto antes, impedindo seu desenvolvimento, que pode atingir mais tecidos subcutâneos e, em casos mais graves ou em tratamentos indisciplinados, chegar à própria pele. Neste ponto, a erisipela pode se tornar também contagiosa.
Além desta falta de cuidado, outras variantes como o histórico clínico do paciente, ou casos de bactérias mais graves, a erisipela pode evoluir com a presença de bolhas na pele (erisipela bolhosa), abscessos e até mesmo necrose. Nestes casos, é imprescindível o encaminhamento ao cirurgião vascular, já que estes são situações de intervenção cirúrgica e tratamento com medicamentos endovenosos.
E como sempre, quando se trata de saúde vascular, os diabéticos são um grupo que sofre complicações ainda piores. Isso porque a hiperglicemia gera naturalmente um processo inflamatório que provoca obstruções nos vasos capilares – responsáveis por irrigar os pequenos nervos das extremidades dos membros – prejudicando assim a sensibilidade (parestesia). Não raro, o diabético só percebe que houve um ferimento no pé quando este já apresenta uma infecção (saiba mais em Pé Diabético), que, por sua vez, causa a erisipela. Ou seja: além das complicações normais de um ferimento num diabético, a gravidade da ferida e a deficiência terapêutica podem ampliar as chances de se contrair bactérias, que tendem a se disseminar com maior facilidade.
Outros grupos que também estão mais suscetíveis à erisipela são o de pessoas que sofrem de inchaço na pele; que têm varizes (devido à hipertensão venosa crônica, que afeta a pele), além dos obesos, visto que já apresentam outros problemas como o linfedema, bem como possuem um tecido celular subcutâneo maior, ou seja, um campo mais fértil para a disseminação bacteriana. Outros casos de especial atenção são os de pacientes que já apresentam a imunidade afetada por outros tratamentos como o de drogas imunossupressoras e quimioterapia.
Comments (2)
luzinete Cristina da Silva
01 Set 2018 - 11:17 pmQuero saber se a eri site causa tosse e dor nas pernas
vascular
04 Out 2018 - 7:09 pmTosse não é habitual.
O habitual é vermelhidão, dor, inchaço e calor local na perna, unilateralmente.
Pode dar febre com calafrios, náuseas e vômitos no início e inflamação de gânglios na virilha.