Covid-19 e complicações trombogênicas

Pouco mais de um ano após os primeiros casos de Covid-19 no mundo, é possível traçar alguns padrões desta doença. Apesar de ainda ser historicamente recente e representar desafios diários para novas conclusões, sabemos que um dos fatos irrefutáveis do vírus é o seu caráter trombogênico, como já mencionamos anteriormente.

Hoje, pesquisas estimam que 28% dos casos críticos ocorridos em 2020 apresentaram tromboembolismo venoso (TEV) – isso sem considerar outros tipos de reações trombogênicas.

Vale lembrar que reações trombogênicas podem ocorrer em segmentos capilares (micro vasos como os que irrigam os alvéolos pulmonares, os rins e o sistema digestório); assim como as vias de maiores calibres, tais como as artérias dos membros inferiores. Nestes casos, uma trombose arterial representa um alto risco de amputação.

É de se ressaltar também que todo paciente que passa por dias de internação, por qualquer motivo que seja, pode desenvolver uma trombose venosa profunda (TVP). Considerando pacientes que já tenham histórico de trombofilia, bem como pessoas com hábitos ou doenças pré-existentes que influenciam a incidência de trombos – câncer, obesidade, fumantes, mulheres que fazem uso de anticoncepcional etc. – a Covid-19 pode desencadear complicações fatais como tromboembolismo pulmonar (TEP).

Por todos esses motivos, para todo paciente internado com o diagnóstico do coronavirus, o procedimento clínico padrão é a prescrição imediata de anticoagulantes.

Há algumas semanas, houve um alarde em relação à vacina AstraZenica na Europa, após alguns casos de coagulação e trombose serem registrados (foram 15 casos em 20 milhões de vacinados). As investigações, no entanto, descartaram qualquer relação com a aplicação da vacina.

A vacinação tem se mostrado a única prescrição segura para o controle do vírus, trazendo benefícios individuais e coletivos infinitamente superiores em relação a qualquer reação adversa.