O que temos a ver com o Setembro Amarelo?

O que temos a ver com o Setembro Amarelo?

Viramos o mês de agosto, quando tivemos a campanha Agosto Azul Vermelho, para setembro, com a importante campanha Setembro Amarelo. Esta iniciativa, que começou com a preocupação com as mortes por suicídio, hoje conquista um amplo debate sobre saúde mental.

Esse diálogo é sempre positivo. Cuidar da saúde mental não só ajuda a prevenir doenças emocionais, mas também colabora para a manutenção da saúde vascular.

É importante lembrar que questões mentais não têm uma única causa. Resultam da combinação de fatores genéticos, biológicos, sociais e ambientais. Ou seja, não são consequência exclusiva do estilo de vida de cada pessoa. No entanto, alguns hábitos podem contribuir para o agravamento ou a melhora tanto da saúde mental quanto da vascular, que caminham juntas em vários aspectos.

Já dedicamos um boletim ao E.V.I. (Estilo de Vida Inadequado), mas vale relembrar: muitas dores físicas relatadas pelos pacientes podem estar associadas a rotinas desgastantes, com excesso de trabalho, má qualidade de sono, pouco lazer e alimentação inadequada. Além disso, é comum recorrer a hábitos compensatórios prejudiciais, como álcool e tabagismo. Esses fatores não explicam tudo, mas podem aumentar a vulnerabilidade tanto a doenças vasculares quanto a questões de saúde mental.

Eis alguns pontos em que o adoecimento da mente e do sistema vascular se relacionam de forma mútua:

  • Depressão: em estado crônico, pode estar associada a aumentos de cortisol e adrenalina. A permanência desse quadro facilita a hipertensão arterial e acelera a aterosclerose.
  • Da dor ao desânimo: às vezes, emocionalmente parece estar tudo bem. Mas, devido ao E.V.I., a pessoa já encontra dificuldade em praticar atividades físicas, o que causa desânimo, isolamento e mais dificuldade de mudar hábitos. Essa frustração pode contribuir para o desenvolvimento ou agravamento de um quadro depressivo.
  • Agravamento dos riscos: em ambos os casos, a pessoa pode recorrer mais ao álcool, ao tabagismo e à alimentação desregrada. Esses fatores aumentam as chances de doenças vasculares relacionadas ao colesterol elevado, ao diabetes e à obesidade.
  • Dormir também é viver: os distúrbios de sono têm reflexos diretos no quadro mental, mas não só. A privação do sono também provoca aumento da pressão arterial noturna, resistência à insulina e má recuperação arterial – processos ligados à função reparadora tanto do sono quanto do próprio coração.
  • Vasos danificados: transtornos mentais como a depressão elevam moléculas inflamatórias (entre elas, a PCR), que aceleram a aterosclerose e a rigidez arterial. Por outro lado, doenças cardiovasculares também aumentam inflamação, favorecendo sintomas depressivos. Exemplo clássico é a depressão pós-AVC. A PCR funciona como um termômetro desse processo, já que se eleva tanto em distúrbios mentais quanto em problemas cardíacos. Resultado: um círculo vicioso em que inflamação da mente e do coração se alimentam mutuamente.

Cuidar da saúde mental e da saúde vascular não são caminhos separados. Manter hábitos saudáveis ajuda, mas não substitui avaliação médica e acompanhamento psicológico. O mais importante é saber que corpo e mente se influenciam constantemente, e merecem atenção conjunta, sem culpa e com acolhimento.

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