Qual é o seu estilo de vida?

Entre os casos bastante frequentes que aparecem no Instituto Vascular estão aqueles cuja solução não depende de cirurgias, procedimentos ou remédios. Os pacientes aparecem com dores e inchaços nas pernas, nós examinamos, não encontramos nada, mas ainda pedimos mais análises clínicas, e a resposta é a mesma: ausência de qualquer doença vascular.

O problema é rastreado quando perguntamos sobre a rotina diária.

Esses pacientes, muitos deles ainda na faixa dos 30 anos de idade, respondem a uma carga diária de trabalho de até 10 horas. Muitas vezes ultrapassam isso e, pior, atuam a maior parte do tempo sentados diante de uma mesa. Alguns deles sequer têm a oportunidade de trabalhar numa sala climatizada, ficando expostos ao calor nas estações mais quentes. Além disso, uma parcela dessas pessoas apresenta sobrepeso ou é fumante. Ou ambos. Algumas mulheres, por sua vez, fazem uso do salto alto.

Neste ciclo rotineiro, uma coisa leva à outra, caminhando no sentido contrário ao da promoção da saúde.

É assim que constatamos o EVI – Estilo de Vida Inadequado.

É certo que as pressões da vida moderna, especialmente nas metrópoles, exigem demais das pessoas hoje, inclusive dos jovens, que já começam na profissão sobrecarregados e com pouco tempo para cuidarem de si. O problema é que com o corpo não há negociação. Uma hora, ele vai cobrar pelo preterimento. O que assusta é que isso tem sido cada vez mais cedo.

A recorrência também impressiona: 73% das mortes nos grandes centros têm relação direta com o estilo de vida inadequado. É o resultado de uma vida estressante, carente de atividades físicas regulares, sono repousante, boa alimentação e a presença do cigarro.

No que diz respeito especialmente às dores nas pernas, temos o diagnóstico: a circulação, que luta o tempo todo contra a gravidade desde que o ser humano passou da condição de quadrúpede para bípede, passa a ter dificuldade para voltar dos membros inferiores ao coração. A panturrilha, junto a outros conjuntos musculares, precisa ser estimulada para levar o sangue de volta para cima. Após anos sem uma prática física constante, o sistema vai perdendo essa habilidade. O sangue fica lento, causando essas dores e inchaços.

Daí vêm a surpresa e a frustração: o paciente se depara com um problema não medicável. O médico fica de mãos atadas para seguir um tratamento; o paciente, por sua vez, segue com as pernas doloridas, inchadas e – aí sim – a caminho de doenças mais graves no futuro.