Ficar muito tempo sentado imóvel, como ocorre nos vôos de longa duração, expõe a pessoa ao risco de trombose e embolia, alertam os médicos.
A síndrome da classe econômica não é uma doença recente. As companhias aéreas e os passageiros de vôos de longa duração possuem poucas informações sobre o tema, mas entre os médicos a doença é bastante conhecida. O caso mais recente foi o da galesa Emma Christofferson, de 29 anos, que morreu de embolia pulmonar após um vôo de 20 horas.
“Qualquer pessoa que passe muito tempo sentada sem movimentar as pernas está sujeita a ter uma trombose venosa profunda”, conta o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Vascular da regional de São Paulo José Mário Reis.
Ao ficar sentado por muito tempo, a circulação sanguínea fica mais lenta, aumentando a pressão venosa nas pernas e possibilitando a formação de coágulos que podem se deslocar e atingir o pulmão, causando morte súbita por embolia.
“A solução seria o uso da meia elástica, que ajuda a comprimir a musculatura, e exercícios constantes com os pés”, afirma.
Para o professor titular de cirurgia vascular da Universidade de São Paulo, ficar sentado mais do que 4 horas sem se movimentar é algo antifisiológico. “Poderia ter acontecido num ônibus ou trem, mas nestes casos existem as paradas, nas quais as pessoas descem e andam. No avião, porém, a recomendação é permanecer sentado”.
Ele esclarece que o uso da aspirina não ajuda a prevenir a doença. “Dependendo do caso o melhor seria o uso de um anticoagulante, após avaliação médica.”
“Idosos, hipertensos, cardíacos, diabéticos ou pessoas com problemas hormonais ou que estejam tomando hormônios estão mais suscetíveis às tromboses”, diz o chefe da equipe de cirurgia vascular do Hospital e Maternidade São Camilo – Pompéia, Ricardo Gaspar. Para ele, a melhor solução seria a consulta a um cirurgião vascular antes de viajar.
No começo do ano, a pneumologista Andréa Sette, de 29 anos, sofreu uma embolia, após fazer uma viagem de 12 horas. “Dormi a viagem inteira. No dia seguinte senti fortes dores no peito e falta de ar. Tive sorte que o coágulo não atingiu uma veia importante do pulmão.” Andréa estava tomando hormônios na época.
Por Lygia Rebello. Reportagem publicada no jornal O Estado de São Paulo