Membros parados, dores na certa

Membros parados, dores na certa

Quando se fala em doenças em geral, inclusive as que envolvem o sistema circulatório, é comum encontrarmos o motivo “estilo de vida inadequado”(EVI) entre os fatores de risco. É assim com a aterosclerose, é assim com o linfedema e a doença venosa crônica, entre outras. Após sete meses que passamos a adotar um estilo de vida diferente por conta da pandemia, podemos ver – na prática – os sintomas deste fator que pode soar tão abstrato.

Com o isolamento social, passamos a ficar mais em casa. A condição de “home-office” tem feito as pessoas mais sedentárias. Muitas até passaram a ficar mais horas sentadas diante do computador – seja porque as horas de trabalho se estendem mais, seja para se distraírem na internet. Não importa o motivo, o sedentarismo entrou na rotina, inclusive àqueles que costumavam ter uma vida muito ativa, praticando esportes.

Resultado: membros parados, dores na certa. De fato, nas últimas semanas cresceu o número de pacientes queixando-se de dores e inchaço nas pernas. Mas como as atividades físicas trabalham na ordem sistêmica, nem todas as dores são resultados de problemas vasculares. Aliás, a grande maioria não envolve problemas de circulação. Um dos exemplos foi uma paciente que deixou de praticar esportes abruptamente, tão logo no início da quarentena.

Possíveis causas:

Geralmente são dores musculares resultantes da hipotrofia muscular (perda de tônus e força) ou ao próprio inchaço que acontece quando os membros permanecem muito tempo para baixo. Um nível adiante deste quadro pode causar até câimbras, tendinites, contraturas e até miosites (inflamação muscular).

Voltamos então ao ponto que sempre tocamos por aqui: somos seres bípedes. A nossa circulação se faz no sentido vertical e o apoio em duas pernas faz com que nossa postura lute, dia a dia, contra a gravidade que tende a manter, naturalmente, o sangue nos membros inferiores. Não fossem as válvulas das veias das pernas e a força de bomba muscular periférica (o chamado “coração das pernas”) que ajudam a empurrar o sangue de volta para cima, o sangue teria ainda mais dificuldade de voltar ao coração. Portanto, um grande aliado da circulação é o movimento, pois, para algumas pessoas, as válvulas não atuam de maneira completamente satisfatória.

É aí que temos algumas ocorrências advindas de ordem vascular, como a insuficiência linfática ou venosa. Apesar de serem contornáveis com a drenagem linfática manual e meias elásticas, a melhor maneira de preveni-las é a partir de boas práticas diárias. Considerando essa nova normalidade que estamos vivendo, elaboramos algumas medidas para evitar o surgimento de inchaço e dores, assim como as suas consequências:

  • De maneira segura, retome sua qualidade de vida: seja em casa, em ambientes abertos ou com a devida segurança sanitária.
  • Não deixe que o medo tome conta das suas ações. É importante se cuidar de todas as maneiras. Caso se sinta mais segura em casa, faça ginástica laboral e exercícios aeróbicos. Isso vai evitar a prescrição de sessões de fisioterapia num possível futuro próximo.
  • Cuidado com outros fatores de risco associados que podem agravar os sintomas, como excesso de alimentação calórica, obesidade e tabagismo.
  • Aproveite a liberdade do espaço doméstico e faça intervalos de quinze minutos nas suas horas de trabalho, deitando com as pernas em nível mais elevado. Aproveite esse tempo para relaxar a mente também.
  • Dose a carga de trabalho, com disciplina para o início e o fim das atividades.
  • Em casos de dores e inchaços crônicos constantes, considere usar meias elásticas não dispensando a avaliação médica vascular.
  • Em casos de dor e inchaço agudos e acentuados em apenas um dos membros inferiores, procure avaliação médica urgente em um pronto atendimento para descartar uma trombose.

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