Desta vez, vamos conhecer melhor a respeito da circulação linfática. O nome indica que, ao invés de carregar sangue (circulação sanguínea), os linfáticos levam a linfa, líquido claro e transparente, às vezes esbranquiçado, que contém o que grosseiramente chamamos de impurezas eliminadas pelas células, mas também grande quantidade de proteínas. Os vasos linfáticos comumente acompanham o trajeto das veias, são microscópicos (patamar de milímetro) e distribuídos como linhas de trem de ferro que desembocam em estações chamadas gânglios (“ínguas”). Estes, por sua vez, recebem a linfa e são responsáveis pela defesa do nosso organismo contra elementos estranhos, principalmente vírus e bactérias. Por isso, quando temos uma inflamação em algum local do nosso corpo, nota-se o inchaço e dor de algum gânglio que funciona como para-raios. As localizações principais dos gânglios são atrás do joelho, na virilha, no abdome e tórax acompanhando a coluna, nos cotovelos, axilas e no pescoço. Basta apalpar estas regiões com atenção que se consegue identificar alguns caroços, que são gânglios, com exceção do abdome e tórax, devido à profundidade. Após a refeição, costuma-se dizer “vamos fazer o quilo”; isso se consagrou porque, no nível do abdome, os vasos linfáticos se confluem num grande reservatório chamado cisterna do quilo, que recebe grande quantidade dos produtos da digestão, principalmente proteínas e gorduras, local em que a linfa tem cor leitosa. Em última instância, ao nível do tórax próximo ao pescoço, os vasos linfáticos drenam a linfa para a principal estrada, chamada ducto torácico, que desemboca numa grande veia fazendo a linfa cair na corrente sanguínea.
A principal manifestação de algum problema na circulação é o linfedema. Trata-se de um tipo de inchaço, com caráter crônico, de difícil regressão. No começo, é de consistência mole, mas em estados avançados, se torna endurecido e irreversível. Há várias situações que podem levar ao linfedema. As mais comuns são as linfagites, processos infecciosos que causam entupimento dos vasos linfáticos, popularmente conhecidos como erisipela ou flebite. Hoje em dia é mais raro, mas no passado eram comuns as “patas de elefante”. Pacientes acometidos por parasitas (esquistossomose) que entupiam a circulação linfática nas pernas, produzindo linfedemas gigantes, que causam deformidades aterrorizadoras. O linfedema mais comum de membro superior ocorre após ressecção de mama devido a tumores malignos, situação em que é feito o esvaziamento e retirada dos gânglios linfáticos da axila para eliminar a chance de proliferação (metástase) de células cancerígenas. Outras situações menos comuns de linfedema ocorrem nos casos de doença avançada das varizes, traumatismos dos vasos linfáticos, inclusive pós-cirurgias, e também naqueles pacientes que nascem com má formação dos vasos linfáticos devido a um número insuficiente.
Os linfedemas, por serem de caráter crônico, são de difícil tratamento e resolução, principalmente os mais avançados. Entretanto, um dos mais efetivos é o uso de bota pneumática, aparelho automático que faz compressão dos membros. Além deste, outro recurso também eficiente é a drenagem linfática, procedimento da fisioterapia vascular.
Sempre batemos na mesma tecla da importância da prevenção. É fundamental a avaliação médica para esclarecimento dos inchaços nas pernas para se descartar a presença de um linfedema.
Dr. Ricardo J. Gaspar
Comments (3)
Estamos repaginados! - Instituto Vascular
01 Nov 2017 - 2:10 pm[…] este aqui: “O laser endovenoso no tratamento de varizes”. Tem outros tantos falando sobre o linfedema, a síndrome da classe econômica, as aplicações múltiplas e sobre recursos tecnológicos como o […]
Jania Souza
26 Dez 2018 - 1:35 amMuito obrigada pelas informações. Auxiliou-me bastante.
vascular
14 Jan 2019 - 6:49 pmFicamos felizes. Nós é que agradecemos!