Nem sempre corretamente diagnosticado, o lipedema (síndrome da gordura dolorosa) acomete de 11 a 19% das mulheres no mundo. A doença se caracteriza pelo acúmulo crônico de gordura concentrada, predominante na região do quadril e das coxas, podendo também ocorrer nas pernas e braços, preservando os pés. A distribuição fora do comum é um dos motivos pelos quais ela se difere de casos clássicos de obesidade.
As origens do lipedema são o fator principal desta diferença, e estão ligadas diretamente a motivações genéticas e hormonais – especialmente vindas da gravidez ou de fases da vida como a puberdade e a menopausa. No entanto, existem outros elementos que podem contribuir com sua evolução, como processos inflamatórios, obesidade, hipotireoidismo, diabetes e o estilo de vida da paciente.
A semelhança com o nome linfedema, já tratada por nós em outros artigos, faz com que algumas pessoas confundam as doenças. Mas basta lembrar que o linfedema é um inchaço (edema), decorrente do acúmulo de líquido nas pernas e pés, devido a insuficiência dos vasos linfáticos. Por algum motivo, como traumas, infecções e mal formações, os vasos linfáticos se tornam incompetentes ou obstruídos, causando esse quadro. Diferentemente do lipedema, o linfedema compromete também o pé. Na maior parte das vezes é unilateral e costuma ser tratado com meias de compressão e drenagem linfática.
Já o lipedema demanda uma atenção distinta, envolvendo tratamentos multidisciplinares. Difere-se também caso a caso, de acordo com o nível de concentração de gordura: qual seja um quadro leve, quando se percebe a presença de distrofias, flacidez e nódulos dolorosos superficiais na pele, ou mais graves com uma concentração grande de gordura, deformidades e dobras acentuadas que representa maiores dores e dificuldades físicas. Às vezes, pode estar associado ao linfedema, o chamado lipolinfedema, e também com varizes (doença venosa crônica), que são os mais graves de todos.
Dessa forma, a necessidade de atividades físicas, alimentação anti-inflamatória orientada, medicamentos específicos, fisioterapia, drenagem linfática, psicoterapia e terapias de compressão então entre os possíveis tratamentos iniciais. Nos casos mais extremos, pode chegar à necessidade de procedimentos tipo lipoaspiração e cirurgias plásticas reparadoras.
Por ser uma doença que não tem cura, é indicado que a paciente recorra à consulta com um especialista já nos primeiros sintomas, conferindo o melhor ciclo de tratamento e medidas preventivas às possíveis evoluções.