Sim, ele existe — e é muito mais silencioso do que se imagina. Tanto que, mesmo aqui em nossos artigos, quase nunca foi citado. Portanto, desta vez vamos dar a devida atenção a esta área, conhecida como fossa poplítea, onde passa a artéria poplítea.
Assim como outras artérias do corpo, a poplítea também pode desenvolver um aneurisma — que nada mais é do que uma dilatação anormal e permanente da artéria. Para se ter uma ideia, enquanto diâmetro normal dessa artéria varia entre 0,7 a 1 cm, considera-se aneurisma quando essa medida ultrapassa 1,4 cm.
Ao se dilatar, a artéria cria uma área de fluxo sanguíneo mais turbulento, favorecendo a formação de trombos. Esses coágulos podem obstruir a própria artéria (trombose) ou se soltar e migrar pela circulação (embolia), gerando risco de isquemia. No caso das artérias poplíteas, esse risco acontece nas pernas e nos pés.
Por ser silencioso, o aneurisma poplíteo muitas vezes evolui sem sintomas — o que é preocupante, já que os sinais podem surgir apenas em fases mais avançadas. Quando aparecem, os sintomas mais comuns são dor na panturrilha, sensação de peso ou cansaço na perna e, em alguns casos, um abaulamento ou “inchaço” visível atrás do joelho.
O tratamento vai depender do quadro clínico e do tamanho do aneurisma. Em geral, é indicada a cirurgia — que pode ser feita de forma aberta (cirurgia convencional) ou por técnicas menos invasivas, como a cirurgia endovascular, envolvendo a colocação de uma endoprótese.
Diferente das varizes, o aneurisma da artéria poplítea acomete mais homens, especialmente acima dos 60 anos. Entre os principais fatores de risco estão o tabagismo (mesmo em ex-fumantes). Além disso, um indicativo relevante: a presença de aneurisma da aorta abdominal — que pode coexistir em 25 a 50% dos casos.
Além da trombose e da embolia, outra complicação possível, embora rara, é a ruptura do aneurisma. Quando isso ocorre, há extravasamento de sangue para a musculatura da perna, formando um grande hematoma, com dor intensa, formigamentos, esfriamento do membro e, nos casos mais graves, risco de amputação.
Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental. Os exames mais utilizados são o ecodoppler e a angiotomografia, que permitem identificar e planejar o tratamento adequado. E claro: não fumar é uma das principais medidas preventivas, livrando-se também de outras doenças.